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O momento em que não serão necessários


 

 

Dói. E invade destruindo espaços fechados.

Abertos. O silêncio dói.

Tanto quanto o barulho irritante

As palavras malditas, urradas com um ódio

Vazio, os olhos esbugalhados

Suor escorrendo pela fronte

Perdigotos espalhados a esmo.

 

Magoa. E insiste em tirar a tranquilidade

Investe em retirar o pouco da sanidade

Matam com elegância a quem, desesperado

Procura convencer, primeiro a si mesmo

Que as palavras sem nenhum sentido

Das quais se valem, pateticamente

Valeria de alguma coisa, qualquer coisa

Para qualquer um.

 

Dificulta. Opõe, causa distúrbios desnecessários

Delimita espaços para criar inimigos

Que guerreiam sem saber o porquê

Perdem o fio da meada e repetem as suas convicções

E sequer se lembram quais são

Agem automaticamente até o momento

Em que não serão necessários. Não mais.


 

                           Marcelo Gomes Melo

A lapa voluptuosa


 

Era uma lapa de bife de uns cinco quilos, sem mentira nenhuma! Estava lá, exposto para quem quisesse ver e desejar, rosado, fresco, macio... O preço? Quem pensaria no preço em um primeiro momento?! Era só fixar os olhos e salivar, imaginando poder degustar infinitamente aquela lapa de carne nobre.

Todos os que passavam, acompanhados ou sozinhos, não eram capazes de desviar o olhar. Inspiravam profundamente, as mãos tremiam de leve, mastigavam instantaneamente, sem se darem conta do movimento.

Em uma época diferente como essa na qual vivemos, em que problemas aderiam a qualquer pensamento livre e causavam preocupação em expor os pensamentos, o que se estava vendo poderia não ser exatamente verdadeiro em cem por cento, apenas uma alucinação causada pelo desejo principalmente dos que já tiveram em abundância, e agora não mais, com toda certeza.

O dono ostentava os dentões para fora, sorrindo de orgulho e felicidade, não havia preço fixado visivelmente para quem quisesse adquirir aquela lapa voluptuosa, o que deixava claro que deveria ser para poucos. Desejar ainda não pagava imposto, então até o menos financeiramente recomendado, completamente fora de um possível leilão deixava de inspirar, impregnando as narinas com o cheiro, comer com os olhos, apertar as mãos como se manuseassem a lapa, julgando a si mesmos proprietários maravilhosos e alegres.

O que fazer para adquirir aquela lapa era o segundo pensamento. Comentários eram trocados entre os admiradores, que opinavam sobre os poucos que poderiam possuir tal iguaria. Políticos, os de alta patente. Empresários, sobretudo os estrangeiros. Ninguém além deles. Era algo assim que poderiam causa revolta na população. Uma revolta que aumentaria e se transformaria em uma guerra pela posse da lapa, causando destruição e morte.

Não era assim com os diamantes? Com as preciosidades que existiam em quantidade reduzida e aumentavam o valor, transformando homens honestos em ladrões, pobres em trapaceiros, religiosos em endiabrados, calmos em histéricos?

O fato é que a lapa estaria ali durante certo tempo para eu todos vissem, desejassem e sonhassem, até que um poderoso a adquirisse, e a fizesse sumir dos olhos cobiçosos.

Com o tempo surgiria outra, diferente, melhor... E quem adquiriu a anterior já teria sido satisfeito, querendo agora buscar novas aquisições. O mundo funciona assim, indefectivelmente.

 


             Marcelo Gomes Melo

Deliberadamente rebelde


Dá-me farpas para

Destituir a glória

Desse amor doloroso

Insatisfeito

 

Insatisfeito ao ponto

De incriminar o que sinto

Julgar e definir o que tenho

E desintegrar as mágoas

 

Unilateralmente

Eu desidrato de amor

Em campo aberto

Queimando sob o sol

 

O céu que me cobre

Não cobra o que me aquece

Esse amor amoral

Imortal, ri do meu desespero

 

                                   Marcelo Gomes Melo

 

Para ler e refletir

O momento em que não serão necessários

    Dói. E invade destruindo espaços fechados. Abertos. O silêncio dói. Tanto quanto o barulho irritante As palavras malditas, urrad...

Expandindo o pensamento